domingo, 28 de abril de 2013



ROSARIAS HORAS


Onde estarão as horas que não vieram
Serei eu...o ponteiro desse tempo?
Estática e sem minutos estive 
E minhas horas...paradas as mantive 
Nesse tempo...que tempo não tive

Me fiz retrocesso sem avanço
E em horas que não vieram permaneço 
Frio horário...oro em rosarias horas 
Nesse tempo...um quarto ou um terço 

Preces anti-horárias de um tempo
Que não voltam...sendo eu o ponteiro
Se paralisada enlouqueço
Perco as horas...adormeço!

Valéria Lisita


quinta-feira, 25 de abril de 2013




NADA DIREI 

O que direi ao amor...se o encontrar
Olhos nos olhos... bem de frente quero estar 
Indagarei da existência do encantar 
Tantas faces...todas elas de ilusões...de enganar 

O que darei a esse amor se eu puder 
Se com nada... em minhas mãos fiquei 
Simplesmente já exausta..uma alma de mulher 
Só de dores preenchida...me cansei 

O que esperaria...se encontrasse o tal amor 
Doces palavras, mãos suaves...confissões 
Se o tempo desmascara e vê-se a dor 
Que oculta então se mostra...decepções 

O que direi ao amor se o encontrar... 
Sei que nada...pois já longe devo estar 


Valéria Lisita


terça-feira, 23 de abril de 2013




METADE DE NINGUÉM

Precisando ser tantas... 
Me torno metade de ninguém...
Mulher guerreira...ou guerreira mulher 
Tentando ser forte...me estilhaço 
Quebrada ao meio...meia guerreira 
Metade mulher...metade não sei o que...
Mas preciso recompor-me 
Colar essa metade que é nada... 
À outra que tenta ser tudo... 
Encontrarei forças no Divino...
E tornar-me-ei inteira novamente
Pois preciso ser tantas...
Mas às vezes sinto-me metade de ninguém...

Valéria Lisita


domingo, 21 de abril de 2013



DESCANSO

Daqui de cima ouço pássaros... 
Voando estou em asas de anjos
O céu é bem mais anil e vejo 
Revoada indo para o sul aos bandos

E águas das pedras minando
Cascalhos no caminho espalhados
E poças... águas da chuva juntando 
São tantos os sonhos espelhados

Planando... asas de leve a bater
Vão-se aves para seus ninhos
Doce algodão de nuvens envolver 
Seus cantos...deixados em pergaminhos 

Ouço pássaros daqui de cima...
Minh'alma em paz...cumpri minha sina

Valéria Lisita


domingo, 14 de abril de 2013



LÁGRIMAS DAS ÁRVORES

Ao chão...lágrimas das árvores... 
Ora amareladas...ora marrons e ressecadas 
Com motivos tantos pra chorar em flores 
Lágrimas vagam... ao vento espalhadas 

Em galhos...folhas-mãos pedem socorro 
Mas não resgatam suas crias que voam 
Pisadas...cinzas queimadas por tras do morro 
Ao longe um sinal de nuvens que amontoam 

Trariam secas folhas aos galhos teus? 
Desnutrida raíz...galhos frágeis já estavam 
Foto sentindo a sintese de um adeus 
Sem o regresso... novos brotos se renovam 

Lágrimas das árvores...agora ao chão 
Já ido o outono...momento de renovação

Valéria Lisita


quinta-feira, 11 de abril de 2013



VULCÂNICA

Oculta em paisagens belas 
Repousa a dama meiga e singela 
Que em saliências e fendas 
Guarda consigo o fogo da paciência...
Tremendo as entranhas da terra
Rachando as fissuras do desejo contido 
Desperta a bela e voraz senhora... 
Com sede de carne e vida
Percorre sinuosos montes 
Devorando na ânsia do beijo quente 
A seiva que a natureza lhe reservou... 
Sua lava incandescente e quente 
Queima as entranhas da terra 
Que tomada de prazer e gozo
Ejeta enfurecida a rocha preciosa...
Chuvas ácidas e corrosivas 
Destroem o passado da terra 
E as lavas de TAMBORA descansam 
E embalam o sono da bela senhora
Agora saciada da sede 
De fogo, de carne e vida...
INTENSA ?
 Não...VULCÂNICA. 

Valéria Lisita




SÓIS DOS DIAS MEUS

Quantos sóis povoarão os meus dias
A cada um foi deixada semente
Um nascer em todos eles
Mas findo dia...um poente

Nessa vida...meus dias são sóis
Que guiados pela luz...me enobrecem
E nos campos são douros lençóis
Cobrem frio...me adormecem

E girando no compasso dos sóis
Me deparo com pétalas de ouro
Que me vestem de vida e luz...
Sigo em frente...meus sóis...tesouros

Quantos sóis meus dias povoarão?
Amanhecer...só os dias me dirão

Valéria Lisita