domingo, 25 de agosto de 2013



FÚRIA NATURAL

Ouço ao longe temidos trovões
Tempestade sendo anunciada
Natureza grita quase palavrões
Enraivecida, forte e exaltada

Se homem não mais a respeita
Que seus raios partam o solo
Está sendo extinta, suspeita,
Então descansem em seu colo

Águas que lavam essa terra,
E podridão dessa humanidade
Seremos entulhos, isso encerra
Devastação feita sem piedade

E o sol que veio para aquecer,
Agora quase fogo nos coloca,
Sem camadas a nos proteger,
Com ira ele também nos toca

Sou humana, me envergonho,
                                Clamo arrependimento profundo
Em meus versos aqui proponho,
Consciência e chance ao mundo!

 *Valéria Lisita*


segunda-feira, 6 de maio de 2013


FINDOS VERSOS 

Ecos em paredes caidas 
Destroços, mofos e poeira 
Voaram os pássaros... 
Apagou-se fogo da lareira 

Tijolos jazem ao chão 
Sem ecos das caidas paredes 
Evaporada água do fogão 
Pendentes pregos das redes 

Surdos ecos do vento 
E folhas mortas se vão 
Ranger de porta em lamento 
Travas enferrujadas ficarão 

Emudecido tempo não ecoa 
O eco de parede caida 
E alma sem rimas voa 
Sem tempo pro adeus...partida 

Ecos de poemas de uma vida 
Últimos versos...de despedida 

Valéria Lisita


domingo, 28 de abril de 2013



ROSARIAS HORAS


Onde estarão as horas que não vieram
Serei eu...o ponteiro desse tempo?
Estática e sem minutos estive 
E minhas horas...paradas as mantive 
Nesse tempo...que tempo não tive

Me fiz retrocesso sem avanço
E em horas que não vieram permaneço 
Frio horário...oro em rosarias horas 
Nesse tempo...um quarto ou um terço 

Preces anti-horárias de um tempo
Que não voltam...sendo eu o ponteiro
Se paralisada enlouqueço
Perco as horas...adormeço!

Valéria Lisita


quinta-feira, 25 de abril de 2013




NADA DIREI 

O que direi ao amor...se o encontrar
Olhos nos olhos... bem de frente quero estar 
Indagarei da existência do encantar 
Tantas faces...todas elas de ilusões...de enganar 

O que darei a esse amor se eu puder 
Se com nada... em minhas mãos fiquei 
Simplesmente já exausta..uma alma de mulher 
Só de dores preenchida...me cansei 

O que esperaria...se encontrasse o tal amor 
Doces palavras, mãos suaves...confissões 
Se o tempo desmascara e vê-se a dor 
Que oculta então se mostra...decepções 

O que direi ao amor se o encontrar... 
Sei que nada...pois já longe devo estar 


Valéria Lisita


terça-feira, 23 de abril de 2013




METADE DE NINGUÉM

Precisando ser tantas... 
Me torno metade de ninguém...
Mulher guerreira...ou guerreira mulher 
Tentando ser forte...me estilhaço 
Quebrada ao meio...meia guerreira 
Metade mulher...metade não sei o que...
Mas preciso recompor-me 
Colar essa metade que é nada... 
À outra que tenta ser tudo... 
Encontrarei forças no Divino...
E tornar-me-ei inteira novamente
Pois preciso ser tantas...
Mas às vezes sinto-me metade de ninguém...

Valéria Lisita


domingo, 21 de abril de 2013



DESCANSO

Daqui de cima ouço pássaros... 
Voando estou em asas de anjos
O céu é bem mais anil e vejo 
Revoada indo para o sul aos bandos

E águas das pedras minando
Cascalhos no caminho espalhados
E poças... águas da chuva juntando 
São tantos os sonhos espelhados

Planando... asas de leve a bater
Vão-se aves para seus ninhos
Doce algodão de nuvens envolver 
Seus cantos...deixados em pergaminhos 

Ouço pássaros daqui de cima...
Minh'alma em paz...cumpri minha sina

Valéria Lisita


domingo, 14 de abril de 2013



LÁGRIMAS DAS ÁRVORES

Ao chão...lágrimas das árvores... 
Ora amareladas...ora marrons e ressecadas 
Com motivos tantos pra chorar em flores 
Lágrimas vagam... ao vento espalhadas 

Em galhos...folhas-mãos pedem socorro 
Mas não resgatam suas crias que voam 
Pisadas...cinzas queimadas por tras do morro 
Ao longe um sinal de nuvens que amontoam 

Trariam secas folhas aos galhos teus? 
Desnutrida raíz...galhos frágeis já estavam 
Foto sentindo a sintese de um adeus 
Sem o regresso... novos brotos se renovam 

Lágrimas das árvores...agora ao chão 
Já ido o outono...momento de renovação

Valéria Lisita